Apontada pela Polícia Civil como uma “serial killer”, a universitária Ana Paula Veloso Fernandes, de 36 anos, confessou durante interrogatório ter envenenado e matado diversos cães utilizando “chumbinho”, um tipo de veneno proibido no país. Ela é investigada pela morte de quatro pessoas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que teriam sido assassinadas também por envenenamento.
A gravação do depoimento, feita no dia 25 de agosto, foi obtida pelo g1. No vídeo, Ana Paula afirma ter adquirido o veneno no Rio de Janeiro e admite que já o havia utilizado anteriormente para matar animais de estimação. “Eu tinha em casa porque eu ia matar o cachorro que minha irmã tem”, declarou a suspeita, chegando a esboçar um sorriso ao falar sobre os crimes.
De acordo com o delegado Halisson Ideiao Leite, responsável pelas investigações no 1º Distrito Policial de Guarulhos (SP), a mulher é suspeita de ter matado ao menos 14 cães, sendo dez filhotes pertencentes à irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso Fernandes, e quatro cães adultos que viviam com o ex-marido da universitária no Rio de Janeiro.
Ainda conforme a polícia, Ana Paula teria utilizado o mesmo tipo de veneno nos homicídios das vítimas Marcelo Hari Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Neil Corrêa da Silva e Hayder Mhazres, mortos por envenenamento. A motivação dos crimes segue sob investigação.
Durante o depoimento, a suspeita afirmou ter consciência dos efeitos do veneno, já que havia testado anteriormente em cães. “Eu sabia o que o veneno causava, porque já tinha dado isso para os meus cachorros”, disse Ana Paula. O delegado confirmou que a mulher chegou a relatar detalhes sobre a quantidade de veneno usada e o tempo que o produto demorava para causar a morte dos animais.
A Polícia Civil de Guarulhos informou que apreendeu na residência da investigada um produto químico utilizado na agricultura, que pode ter sido empregado para envenenar os cães. Três animais sobreviventes — duas fêmeas e um macho, chamados Luna, Selena e Bob — foram resgatados pela polícia com apoio da Prefeitura de Guarulhos e encaminhados a um abrigo municipal, onde aguardam adoção.
O ex-marido de Ana Paula também relatou que quatro de seus cães morreram de forma suspeita enquanto viviam com a universitária. Ele afirmou que os animais apresentavam sinais de envenenamento, como salivação excessiva, e que a morte deles ocorreu enquanto ele estava fora de casa. “Depois que tudo veio à tona, desconfiei. O cachorro morrendo e babando indica que foi envenenamento”, disse o homem, que preferiu não se identificar.
O relacionamento entre o casal teria durado cerca de seis meses, e o homem contou ainda que se separou de Ana Paula há dois anos, após episódios de agressividade e ameaças.
Além de Ana Paula, sua irmã gêmea Roberta e Michelle Paiva da Silva, filha de uma das vítimas, também foram presas por envolvimento nos homicídios. Ana Paula está presa desde julho de 2025, Roberta foi detida em agosto e Michelle em outubro.
A Polícia Civil segue investigando se o veneno utilizado nos assassinatos humanos é o mesmo empregado contra os animais. Caso a autoria dos maus-tratos seja confirmada, Ana Paula poderá responder também pelo crime de maus-tratos a animais, previsto na Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais).
Até a última atualização desta reportagem, as defesas das investigadas não haviam se pronunciado sobre o caso.
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