O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciaram a anulação de três questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2025) e acionaram a Polícia Federal (PF) para investigar a divulgação antecipada de itens da prova.

O caso veio à tona após um estudante de medicina e consultor educacional, identificado como Edcley Teixeira, exibir no YouTube, cinco dias antes da aplicação das provas de Matemática e Ciências da Natureza (segundo dia de exame), questões com forte semelhança às que compuseram o exame nacional realizado no último domingo (16).

Origem das Questões e Pré-Testes

A reportagem confirmou que pelo menos três das questões antecipadas por Teixeira faziam parte de pré-testes de itens para o Banco Nacional de Itens (BNI) do Inep. Estes itens foram testados em uma avaliação aplicada pelo MEC para calouros de medicina, o Prêmio Capes Talento Universitário.

Para garantir a validade e a comparabilidade das provas, o Enem utiliza a Teoria de Resposta ao Item (TRI), metodologia que exige um rigoroso pré-teste das questões em perfis semelhantes aos dos candidatos.

Alegação de Descoberta de Padrão

Edcley Teixeira, em vídeos nas redes sociais, defendeu que previu as questões seguindo critérios permitidos pela legislação e sem qualquer vazamento.

“O Enem inteiro é repetido. Eu descobri o padrão,” afirmou Teixeira, alegando ter decorado os itens após participar, a convite do MEC, do Prêmio Capes. Ele ainda sugeriu que o segredo estaria em monitorar os 25 elaboradores que trabalham no Inep desde 2009.

Professores ouvidos pela reportagem indicam que Teixeira teria o costume de participar desses pré-testes e memorizar as questões, ou de pedir a conhecidos que repassassem os itens.

Posição Oficial do Inep e Anulação

Em comunicado, o Inep reafirmou a “isonomia, lisura e validade das provas do Enem 2025”, mas reconheceu que houve “similaridades pontuais entre os itens” e anunciou a anulação das três perguntas.

O órgão destacou que a PF foi acionada para “garantir a responsabilização dos envolvidos por eventual quebra de confidencialidade ou ato de má-fé pela divulgação de questões sigilosas de forma indevida”. O Inep defendeu que seus protocolos de segurança foram cumpridos em todas as etapas do exame.

O Enem é composto por 180 questões de múltipla escolha e uma redação, distribuídas em dois dias de aplicação.

Fonte: A Gazeta