Mulher relatou também ter vergonha, medo e frustração. Vídeo mostra vítima deixando sala após notar homem se masturbando; ele foi preso e disse estar sob efeito de remédio.

A dentista vítima de importunação sexual enquanto fazia atendimento a um homem num consultório odontológico da Grande Belo Horizonte ter se sentido “um lixo” diante do que aconteceu. Ela também disse ter ficado “com medo”, “vergonha” e “frustração”.

O caso ocorreu na última terça-feira (8) em uma clínica particular da cidade de Igarapé. Um vídeo gravado por câmeras de segurança dentro do consultório mostra o momento exato do crime, quando Rames Ossen Ali Júnior, de 43 anos, se masturba durante o atendimento.

“Me senti um lixo. Como mulher, a gente passa constantemente por situações desagradáveis. Já passei por situação ruim na rua, já fui perseguida. Isso traz pra gente muitos gatilhos, que deixa a gente insegura”, disse.

As imagens, que ajudaram na prisão em flagrante, mostram a mulher, que pediu para não ser identificada, fazendo tratamento no dente do paciente sem notar que ele se tocava.

Medo e frustração

Em determinado momento, ele chega a levantar os braços para tentar alcançar o rosto dela – aparentemente, o homem queria retirar a máscara da dentista, segundo ela. A mulher se esquiva e segue fazendo o trabalho. De repente, ela se afasta para pegar um aparelho.

“Na hora que me afastei pra pegar um equipamento, de repente voltei meu olho pra frente e vi que ele já estava com as partes de fora e balançando. Na hora que me situei da situação, meu reflexo foi sair da sala correndo e pedir que a secretária chamasse a polícia”, contou.

O homem seguiu deitado na maca. A vítima contou ter ficado escondida em outra sala até a chegada da polícia, que viu as imagens e levou o suspeito preso.

“Eu estava dento do meu ambiente de trabalho, um local que teoricamente teria que ser seguro pra mim. Lá tem câmera em todos os lugares. […] A gente fica sempre com medo e frustrada. Trabalhei e lutei muito pra conseguir a minha formação. Trato todo mundo com carinho e respeito. E é o que a gente espera: respeito”, afirmou.

Suspeito alegou estar sob efeito de medicação

O caso está sob segredo de justiça. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública informou que o homem continua no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, para onde ele foi levado no dia do crime.

Aos policiais militares, o homem afirmou que não se lembrava do que tinha acontecido porque faz uso de uma medicação para ansiedade e que isso o deixa “atordoado”. Tentaram entrar em contato com o suspeito, mas não conseguiu até a publicação desta reportagem.

‘Parece que a gente fez algo errado’

A dentista também declarou ter receio devido à exposição do caso na cidade. Ela teme algum tipo de retaliação da família do homem, mas afirmou estar aliviada com o fato de que ele foi preso.

“Graças a Deus tenho meu marido, que está me dando muito apoio. Estou fazendo acompanhamento psicológico, estou tendo apoio jurídico. É um caso que mexeu muito com o meu psicológico. […] A gente fica com uma vergonha, né. Parece que a gente fez algo errado.”

Apoio da clínica à vítima

A vítima também contou estar recebendo apoio da clínica. Nas redes sociais o consultório informou que, assim que o problema foi identificado, todas as providências foram tomadas: registro de boletim de ocorrência e acionamento do departamento jurídico da empresa. O objetivo é garantir a proteção da vítima e a responsabilização do autor.

A clínica afirmou repudiar veementemente qualquer tipo de assédio e violência, e reforçar o compromisso com a segurança, dignidade e integridade dos funcionários e pacientes.

Como denunciar violência contra a mulher:

• Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher);
• Em caso de emergência, ligue 190 (Polícia Militar);
• Procure uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) ou qualquer delegacia mais próxima.

Fonte: G1