A Polícia Civil informou que Dihony Gonçalves Viana, suspeito de matar com tiros, Wagner Aguiar dos Santos, de 36 anos, ao volante no último sábado (26), em Pontal do Ipiranga, compareceu na tarde desta terça-feira (29) à Delegacia Regional de Linhares, no Norte do Espírito Santo, acompanhado de um advogado. Aos investigadores ele confessou o crime, deu sua versão dos fatos e, após ser ouvido, foi liberado. Wagner era marido da ex-esposa de Dihony, que presenciou a execução.

Wagner Aguiar dos Santos, de 36 anos, foi morto dentro do próprio carro Crédito: Redes sociais
Segundo a Polícia Civil, “conforme prevê a legislação brasileira, a prisão de suspeitos só pode ser realizada em situação de flagrante delito ou por meio de mandado de prisão expedido pelo Poder Judiciário” e “como nenhuma dessas condições estava presente no momento da apresentação, o homem foi ouvido e, em seguida, liberado”.
A Gazeta teve acesso ao depoimento prestado pelo suspeito na delegacia. Dihony relatou que foi casado por quase nove anos com a ex-esposa, com quem tem um filho de cinco anos, e que estão separados há cerca de um ano e cinco meses, após um relacionamento marcado por “idas e vindas”.
Ele disse ter ouvido boatos de que a ex-mulher estaria se envolvendo com Wagner e, ao pesquisar sobre ele, descobriu que o homem possuía, segundo sua versão, “várias passagens pela polícia”. Dihony afirmou que enviou uma mensagem à ex-mulher alertando sobre esse levantamento porque temia pelo filho, mas acredita que ela repassou o áudio a Wagner, que, em 2022, teria ido tirar satisfação com ele no bairro da Penha, acompanhado de três homens, situação em que disse ter se sentido “constrangido” e com medo. Por isso, alegou ter adquirido uma arma, mas garantiu que não andava armado. Disse ainda que a ex-mulher descobriu a compra da arma e o denunciou.
Segundo o depoimento, Wagner teria continuado a ameaçá-lo e, após passar a morar com a ex-companheira, essas supostas ameaças teriam se intensificado. O suspeito declarou nunca ter sido agressivo e contou que, no fim de semana anterior ao crime, estava com os pais e o filho, em Barra Seca, antes de seguirem juntos para Pontal do Ipiranga, onde a ex-mulher havia dito que buscaria o menino — sem mencionar que estaria acompanhada de Wagner.
De acordo com a versão apresentada à polícia, a ex-mulher foi até a casa da mãe dele buscar o filho, momento em que Wagner, que permanecia no carro, teria o abordado. Eles começaram a conversar e, em menos de dez segundos, iniciaram uma discussão. Dihony alegou que acreditava que Wagner estivesse armado e, por isso, atirou três vezes contra ele antes de fugir. Nenhuma arma foi encontrada com a vítima. Após o crime, disse que escapou por uma estrada de Urussuquara e, em seguida, foi para Nova Venécia.
Defesa
O advogado Arthur Borges Sampaio, que faz a defesa de Dihony Gonçalves Viana, afirmou que o cliente agiu “em legítima defesa”, destacando que há “várias ocorrências de ameaça na polícia” registradas em favor dele. Segundo a defesa, a vítima teria se aproximado de Dihony “gesticulando que estava armada”.
O advogado acrescentou ainda que o cliente irá entregar a arma usada no crime nesta quarta-feira (30), em local indicado pela própria defesa. Sampaio disse também que, diante do que foi narrado, que seu cliente não tem uma vida voltada ao crime, o delegado teria se comprometido a não pedir a prisão preventiva e garantiu que Dihony “está à disposição para comparecer a todos os atos do processo”.
O crime
Após o crime, o suspeito fugiu em um veículo Onix prata e, até o momento, não foi localizado. A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Linhares.
Wagner Aguiar dos Santos, de 36 anos, foi morto a tiros em um carro, no balneário de Pontal do Ipiranga, em Linhares, no Norte do Espírito Santo, no sábado, 26 de julho. A atual mulher dele contou à polícia que o ex-marido dela teria cometido o crime.
Segundo relato da esposa da vítima à polícia, o assassinato teria sido motivado por ciúmes, porque seu ex não aceita o fim do relacionamento. Wagner foi atingido por três disparos na altura do pescoço por uma arma calibre 38, de acordo com a Polícia Científica. Ele morreu no local, próximo a um posto de combustíveis na principal via de acesso à região.
De acordo com Josiane Pereira, ela e o marido, com quem estava havia dois anos, tinham ido buscar o filho, que estava na casa dos avós paternos durante as férias escolares, quando o crime aconteceu. Ela acredita que o ex tenha planejado o ataque ao ser avisado por ela da ida à casa dos parentes.
“Eu perdi meu marido. Em dois anos, ele fez tanta coisa por mim, por nós, que o pai do meu filho não fez em nove. Muito pelo contrário… ele sempre me ameaçou. Sempre foi assim: arrogante, ignorante, sabe? Mas eu nunca pensei que ele teria coragem de acabar com a vida de alguém desse jeito. Nunca”, lamentou.
De acordo com o boletim de ocorrência, o suspeito teria ficado de tocaia depois que a mulher teria ligado, mais cedo, informando que iria na casa dos pais dele para buscar o filho. Quando a mulher entrou na casa para buscar a criança, o autor dos disparos teria se aproximado do veículo e iniciado uma discussão com a vítima, antes de atirar.
Mesmo ferido, Wagner tentou fugir com o carro, mas perdeu o controle da direção, subiu no canteiro central da via e colidiu contra a pilastra de uma residência. A frente do carro ficou destruída.
Fonte: A Gazeta