Mudanças serão implementadas na 1ª e na 2ª série no próximo ano letivo, com a expectativa de melhor aproveitamento e rendimento dos alunos
Em meio ao processo de reestruturação do ensino médio no Brasil, o Espírito Santo terá mais aulas das disciplinas tradicionais, como português, matemática, história e geografia, a partir de 2026. A medida atende às novas diretrizes definidas pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu) e deve ser implementada nas redes pública e privada.
A partir da transição iniciada em 2025, o ensino médio capixaba passará a ter uma nova carga horária, adaptações no currículo dos alunos e maior ênfase em aulas ligadas à tecnologia, com programação e robótica integradas ao dia a dia dos estudantes. As definições da Sedu preveem alterações para a 1ª e a 2ª séries, no próximo ano letivo, com a expectativa de melhor aproveitamento e rendimento dos alunos na Formação Geral Básica (FGB), que engloba as disciplinas do núcleo comum da educação.
Na rede estadual, para quem estuda no horário parcial (matutino ou vespertino), a FGB será estruturada em 2,4 mil horas, superando as 2,2 mil atuais. Já os itinerários formativos, atualmente em 1,2 mil, serão distribuídos em 600. Somadas, as mudanças vão totalizar as 3 mil horas obrigatórias para a formação no ensino médio.
“Antes, o ensino médio tinha 2,4 mil horas e a lei ampliou para 3 mil. (Com a mudança), o sentido foi manter as 2,4 mil para o que é BNCC (Base Nacional Comum Curricular), comum e obrigatório para todos, e o restante para aprofundamento em uma ou mais áreas de conhecimento. É um percentual que foi acordado e considerado adequado para o desenvolvimento da BNCC, sem prejuízo para os estudantes”, afirma Andréa Guzzo, subsecretária de Estado da Educação Básica e Profissional, ao ser questionada sobre a redução das horas nos itinerários formativos.
Novo currículo do ensino médio deve ser publicado em janeiro de 2026 no ES Crédito: Freepik
O que é a Formação Geral Básica?
Segundo o Ministério da Educação (MEC), a Formação Geral Básica (FGB) integra, juntamente com os itinerários formativos, o currículo do ensino médio. A FGB é a parte do currículo a que todo estudante desse nível de escolaridade tem acesso e deve cursar integralmente, ou seja, é a parte comum para todos. A parte flexível do currículo, em que há variações no percurso de cada estudante, está nos itinerários formativos.
No âmbito da FGB, estão as áreas de língua portuguesa e suas literaturas, língua inglesa, artes e educação física; matemática e suas tecnologias; biologia, física e química; e ciências humanas e sociais aplicadas: filosofia, geografia, história e sociologia.
As alterações foram baseadas em uma resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) que permitiu ajustes curriculares nas redes estaduais, como explica Andréa Guzzo. Todas as mudanças, estabelecidas na Resolução 8.777 do Conselho Estadual de Educação (CEE-ES), seguem a Lei 14.945/2024, que trata da estrutura do ensino médio no Brasil.
“Em 2026, já será obrigatória a mudança para estudantes da 1ª série. Com essa nova distribuição de carga horária, essas turmas vão se formar em 2028, já dentro do novo modelo. A partir de 2028, todas as turmas estarão com essa carga horária definida”, explica a subsecretária.
Ela reforça que, apesar da redução da carga horária dos itinerários formativos, os alunos não terão prejuízos com a mudança, já que os conteúdos serão equilibrados para garantir os objetivos do aprendizado.
A resolução publicada pela Sedu prevê que, no caso dos itinerários formativos, as instituições de ensino poderão optar por organizações de acordo com o seguinte esquema:
- Ênfase em uma única área de conhecimento, com a finalidade de promover o aprofundamento do conhecimento e a integração entre os componentes da área, mediante o desenvolvimento de projetos integradores;
- Ênfase em mais de uma área do conhecimento, para promover o aprofundamento do aprendizado e a integração entre os componentes e as áreas, mediante o desenvolvimento de projetos integradores.
Para o ensino médio noturno, os itinerários formativos poderão ser compostos por iniciativas pedagógicas, projetos de investigação e intervenção social, além de atividades complementares planejadas pelos professores e realizadas com os educandos em ambientes distintos dos da escola e em horários e dias alternativos.
Já para os estudantes que fazem o ensino médio em conjunto com a educação profissional, as mudanças terão período de adaptação maior, já que cada curso técnico depende de aprovação do Conselho Estadual de Educação.
“Todas as escolas que oferecem ensino médio integrado com educação profissional têm que ter seus planos de curso aprovados pelo Conselho. No ano que vem, todas as primeiras séries de ensino parcial, integrado à educação profissional ou de tempo integral, terão um novo currículo, que está em fase de aprovação, prevista para janeiro de 2026 (antes do início do ano letivo)”, projeta Andréa.
Para esse tipo de formação, a carga horária projetada para a Formação Geral Básica é a seguinte:
- 2.100 horas, a serem complementadas, articuladas e integradas aos itinerários de formação técnica e profissional na forma de cursos técnicos de 1.000 ou 1.200 horas; e
- 2.200 horas, a serem complementadas, articuladas e integradas aos itinerários de formação técnica e profissional na forma de cursos técnicos de 800 horas.
Ainda segundo a subsecretária, outra mudança prevista é que as disciplinas eletivas — aquelas escolhidas pelos alunos — deixarão de ser ofertadas em 2026 para as classes de período parcial.
“Esse tipo de disciplina só será ofertada no período integral com temáticas de interesse dos estudantes ou do próprio território da escola”, explica.
Tecnologia na sala de aula
As ações ligadas ao ensino tecnológico também vão ganhar mais destaque nas salas de aula do Estado. Segundo a Secretaria da Educação, a educação digital terá foco no ensino de computação, programação e robótica, com a obrigatoriedade dessas aulas na proposta curricular do ensino médio.
“No Espírito Santo, o currículo da computação será implementado de forma transversal, o que significa que todas as disciplinas terão que abordar habilidades que envolvem pensamento computacional, cultura digital e outras frentes”, sinaliza Andréa Guzzo.
Ajustes para estudantes do período noturno
Para quem estuda durante a noite, o currículo deve continuar sendo adaptado às condições dos estudantes para a garantia do cumprimento das mil horas anuais, com uma proposta pedagógica diferenciada dos demais períodos.
A ideia é assegurar a formação de alunos que, nesse caso, dividem as atenções com o trabalho ou as tarefas domésticas.
“Nesse contexto, há flexibilização do currículo e também dos horários para que o aluno possa frequentar a sala de aula. Ainda não terminamos todo o planejamento para o próximo ano para o ensino noturno, mas estão previstas adequações desse tipo para um melhor aproveitamento”, detalha a subsecretária Andréa.
Fonte: A Gazeta

