O julgamento do ex-vereador Joel Morais de Asevedo terminou na noite desta quinta-feira (21). Ele foi condenado a 32 anos de prisão pelo assassinato da esposa, Priscila Dala Paula, morta em dezembro de 2021 com dois tiros na cabeça.
O tribunal do júri teve início às 10h30 da manhã e começou com a oitiva das testemunhas. A primeira a depor foi a mãe da vítima, Ivonete Dala Paula, que relatou que o acusado costumava andar armado e, em certa ocasião, chegou a disparar próximo de Priscila. Na época, Joel afirmou que o tiro havia sido acidental, enquanto limpava a arma. O casal morava na casa dos avós de Pricila, no quintal da sogra.
Segundo Ivonete, o ex-vereador apresentava comportamento controlador. Ela relatou, por exemplo, que ele chegou a pedir que Pricila tatuasse em suas costas uma foto dele quando criança. “Ele dizia que, se ela o amasse, faria a tatuagem. Era sempre assim: se ela não atendesse às vontades dele, era porque não o amava”, contou.
Na sequência, a delegada de Mulheres, Dra. Natália Magalhães, responsável pelas investigações, prestou depoimento. Ela afirmou que, ao chegar à residência do casal no dia do crime, encontrou Pricila morta na cama, sem sinais de luta, o que indicava que a vítima poderia estar dormindo quando foi alvejada. A delegada também destacou um ponto importante: na primeira visita da polícia, o celular da vítima não foi localizado; já na segunda, o aparelho foi encontrado dentro da caixa de descarga de um banheiro. Danificado pela água, o celular não pôde ser periciado.
Ainda pela manhã, foram ouvidos o irmão da vítima, Luís Dala Paula, e o médico legista responsável pela perícia. Luís se emocionou ao lembrar do momento em que soube do crime e relatou detalhes sobre o relacionamento do casal. Já o legista reforçou que o disparo foi feito a curta distância, devido à presença de uma “zona de esfumaçamento” na testa de Pricila.
No período da tarde, após a pausa para o almoço, mais testemunhas foram ouvidas. A primeira delas foi o homem apontado como possível affair de Priscila. Em depoimento por videoconferência, ele afirmou ter se encontrado com a vítima dez dias antes do crime e disse que ela já se considerava separada, relatando que o marido havia saído de casa.
Em seguida, três amigos do casal prestaram depoimento e afirmaram que Joel e Pricila mantinham um relacionamento aparentemente saudável.
O réu também foi ouvido no tribunal. Em um relato extenso, Joel tentou justificar sua conduta na noite do crime. Disse ter encontrado mensagens que indicavam uma possível traição, o que o deixou em estado de choque e pânico. Declarou ainda que só havia se relacionado com duas mulheres em toda a vida, uma ex-companheira e Pricila. Em sua fala, descreveu a vítima como “uma mulher livre, que fazia o que queria, ia onde queria” e classificou os demais depoimentos como mentirosos.
Sobre o momento do disparo, Joel alegou que tudo aconteceu de forma acidental: “Quando eu vi, a arma já estava em minha mão e disparou. Esbarrei o dedo no gatilho e ela atirou”, afirmou.
Após o depoimento do acusado, a promotora de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Dra. Jackeliny Rangel, apresentou os argumentos da acusação. Em seguida, foi a vez da defesa se manifestar.
Encerradas as sustentações, os jurados iniciaram a votação e decidiram pela condenação. Joel Morais de Azevedo foi sentenciado a 32 anos de reclusão pelo assassinato da esposa, Pricila Dala Paula.
Ao fim do júri, que teve duração de mais de dez horas, familiares e amigos da vítima se emocionaram com a decisão da Justiça.
Fonte: Rádio Muriaé