O primeiro medicamento injetável de longa ação para prevenção do HIV já está disponível no mercado privado brasileiro. O cabotegravir, desenvolvido pela farmacêutica GSK e registrado pela Anvisa em 2023, começou a ser comercializado nesta segunda-feira (25).
Sob o nome comercial Apretude, o fármaco deve ser aplicado a cada dois meses e representa um avanço na profilaxia pré-exposição (PrEP). Até então, a única opção disponível no país era a PrEP oral, oferecida pelo SUS desde 2017 em formato de comprimidos diários.
A PrEP é indicada para pessoas com maior risco de exposição ao HIV, vírus causador da Aids. Dados do Ministério da Saúde apontam que, apenas em 2023, foram registrados cerca de 46,5 mil novos casos de infecção no Brasil. Mesmo com a oferta do medicamento oral, projeções indicam a possibilidade de 600 mil novos casos nos próximos dez anos.
“Estamos trazendo ao Brasil a primeira PrEP injetável de longa ação, um avanço importante na prevenção ao HIV, com potencial para ampliar o acesso e beneficiar ainda mais a população do país”, afirmou Roberta Corrêa, diretora da Unidade de Negócios de HIV da GSK/ViiV Healthcare.
A incorporação do cabotegravir ao SUS ainda está em negociação, sob análise da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), responsável pela avaliação de custo-benefício. Por ora, o medicamento pode ser adquirido em farmácias e clínicas privadas, com opção de entrega direta ao paciente.
Avanços futuros
Especialistas destacam que a principal vantagem da PrEP injetável está na maior adesão ao tratamento, já que elimina a necessidade de doses diárias — apontada como um dos principais entraves no uso da medicação oral.
O setor farmacêutico já avança em soluções ainda mais prolongadas. Um exemplo é o lenacapavir, primeiro injetável com duração de seis meses, aprovado recentemente pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e pela FDA, nos Estados Unidos.
A EMA destacou que a PrEP é “um pilar no controle do HIV na Europa e no mundo”, mas reforçou que a adesão “costuma ser inferior ao ideal”, devido a barreiras de acesso e à necessidade de administração frequente em alguns esquemas terapêuticos.
