Um problema comum nas grandes cidades encontrou uma solução inovadora nas mãos de alunos de uma escola pública em Vila Velha, no Espírito Santo. Cansados dos alagamentos constantes que atingiam o bairro e a própria unidade de ensino, estudantes criaram um filtro ecológico para bueiros que promete melhorar o escoamento da água.
O dispositivo, que recebeu o nome de “ecobueiro”, foi instalado nesta sexta-feira (17) não apenas dentro da escola, mas também na rua em frente. Sua principal função é reter resíduos sólidos, prevenindo o entupimento dos bueiros, uma das maiores causas de inundações urbanas. A inovação é inteiramente construída a partir de materiais sustentáveis, como canos de PVC, tela de plástico e pneus reciclados.
Os criadores são estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Francelina Carneiro Setúbal, em Coqueiral de Itaparica.
Da Iniciação Científica à Solução Comunitária
A professora de Biologia Priscila Lima explicou que a ideia surgiu durante as atividades do programa de iniciação científica Shell NXplorers, focado em sustentabilidade. O programa incentiva estudantes a identificar problemas locais e propor soluções ligadas aos eixos água, energia e alimento.
“Os professores montam uma equipe de estudantes que deve pensar em um problema da escola ou da comunidade. O problema escolhido pelos nossos estudantes foi o alagamento, e a solução para minimizar os impactos foi a criação desses ‘ecobueiros’”, contou a professora.
A criação do bueiro ecológico, que contou com o apoio da Prefeitura de Vila Velha e da Secretaria Municipal de Educação (Semed), envolveu diversas etapas de metodologia, desde a exploração do tema até a proposição de mudanças viáveis.
Manutenção Simplificada e Protagonismo Estudantil
O projeto destacou-se pela simplicidade na manutenção e pela durabilidade do material. “Acreditamos que facilitará o trabalho tanto da equipe de limpeza da escola quanto da equipe de serviços urbanos. Quando perceberem lixo acumulado, basta retirar a tampa do bueiro e descartar o conteúdo na lixeira”, detalhou Priscila Lima. A manutenção foi dividida: a escola será responsável pelos ecobueiros internos, enquanto os instalados nas vias públicas ficaram a cargo da prefeitura.
Além dos benefícios ambientais, o projeto gerou um forte impacto pedagógico e social. A professora ressaltou que “os estudantes foram protagonistas, estiveram empenhados na construção e nas campanhas de conscientização”. Em um esforço para chamar a atenção da comunidade, eles realizaram pinturas artísticas nos locais onde os ecobueiros foram instalados.
A estudante Ana Alamon, uma das idealizadoras, lembrou que a motivação principal era a frequência escolar. “Fomos analisando o que mais nos incomodava na comunidade e chegamos à conclusão de que o problema era os alagamentos, que até afetavam a frequência dos colegas na escola”, revelou. Ela destacou ainda o intenso trabalho em equipe, que resultou na criação de cinco protótipos até o modelo definitivo, e o aprendizado social: “Aprendi que nada se faz sozinho. Entendemos que, para conscientizar uma sociedade, é preciso se conscientizar primeiro.”
Informações: A Gazeta