Deputados defendem que as chamadas gel blasters representam risco à segurança e confundem população por se assemelharem a armas de fogo
A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou, nesta quarta-feira, em última votação, o projeto de lei que proíbe a fabricação, a venda e a distribuição das armas de gel, chamadas gel blasters, equipamentos que disparam esferas de gel e reproduzem o formato de armamentos. A proposta segue agora para análise do governador Cláudio Castro (PL), que poderá sancionar ou vetar a medida.
De autoria da deputada Tia Ju (Republicanos) e apoiada por outros oito parlamentares, a iniciativa altera a Lei nº 2.403/1995, que já veda brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo. Segundo o texto, as gel blasters são definidas como objetos movidos a bateria e sistema de mola, cujos projéteis se expandem em contato com a água.
O GLOBO fez uma série de reportagens mostrando que a moda, que se alastra pelo país, chegou com força no Rio inspiradas nos jogos de combate do universo do videogame, como Call of Duty e Fortnite, mas que é bem real. Nas ruas de verdade, jovens simulam confrontos usando armas que disparam balas de gel. Vestem-se para a batalha com roupas de tons escuros, e andam em grupo, a pé e em motos, como se assiste em vídeos que circulam pela internet, gravados em locais como o Complexo da Maré, na Zona Norte, e Vila Kennedy, na Zona Oeste.
A movimentação dessas turmas atrai a curiosidade de muitas crianças. As armas, conhecidas como “gel blasters”, importadas da China e vendidas como brinquedos em sites e lojas a preços que variam de R$ 290 a R$ 750, são, a princípio, inofensivas — seus projéteis causam apenas dor leve ou pequenos hematomas. Mesmo assim, seu uso indiscriminado, sem hora nem lugar definidos, causa apreensão.
Riscos destacados pelos autores
Na justificativa apresentada, os parlamentares citam episódios que ganharam repercussão nas redes sociais, em que pessoas foram atingidas de forma aleatória. Entre eles, o caso de um carroceiro ferido em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, e o de um bebê alvejado em São Paulo enquanto estava no colo da avó.
— Essa prática deixou de ser uma brincadeira e passou a colocar vidas em risco. Jovens estão modificando essas armas para que pareçam ainda mais reais, o que pode levar a erros de interpretação por parte da população e da própria polícia — afirmou Tia Ju durante a tramitação do projeto.
A proposta também é assinada pelos deputados Carlos Minc (PSB), Carlinhos BNh (PP), Claudio Caiado (PSD), Dionisio Lins (PP), Elika Takimoto (PT), Marcelo Dino (União), Renato Machado (PT) e Samuel Malafaia (PL).
Fonte: Extra