Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE indicam que o cenário da empregabilidade no estado do Rio de Janeiro está mudando. No segundo trimestre de 2025, a taxa de desocupação nos municípios da Bacia de Campos foi de 5,9% – segundo análise do professor e geógrafo William Passos. Nas regiões Norte e Noroeste Fluminense, este índice foi de 6,3%.
O percentual é melhor que o da capital fluminense, que no mesmo período registrou uma taxa de desocupação de 7,5%. No estado do Rio, somando-se todas as regiões, a desocupação foi de 8,1% – a quinta mais alta entre as unidades da federação, à frente apenas de Pernambuco, Bacia, Distrito Federal e Piauí.
Desemprego menor no interior também significa economia mais forte. Os bons índices que vêm do norte do estado, de certa forma, refletem o que o Censo 2022 do IBGE já registrava: a diminuição da população da capital fluminense e de alguns municípios do Grande Rio em detrimento de outros no interior – com destaque para Maricá e Rio das Ostras. Os cidadãos e os empresários fluminenses estão descobrindo a força do interior do estado, tanto para morar quanto para investir.
Outros dados confirmam esta tendência. Segundo uma tese de doutorado do professor William, aprovada na URRJ em março de 2023, uma nova metrópole está em formação no estado. É a chamada Região da Bacia de Campos. Ela integra 12 municípios, com uma população de aproximadamente 1,3 milhão de habitantes e, ao contrário de regiões metropolitanas tradicionais do Brasil, possui três centros regionais: Campos dos Goytacazes, Macaé e Cabo Frio. Campos destaca-se como polo de serviços; Macaé, como polo do setor de óleo & gás; Cabo Frio, pelo turismo. A tese lança um novo olhar sobre os municípios da Bacia de Campos, que precisa ser considerado por governos e empresas interessadas em investir na região.
No litoral norte, já é notório o peso exercido pela Petrobras em Macaé, que sedia cerca de 4 mil empresas da cadeia produtiva de petróleo. Mais ao norte, ganham cada vez mais força o Porto do Açu e o complexo logístico/industrial surgido em seu entorno, que já conta com dezenas de empresas de grande porte e duas usinas termelétricas. O crescimento do porto impulsiona o crescimento não apenas de São João da Barra, onde está instalado, mas também de Campos, que recebe grande parte dos trabalhadores e atrai por ser o principal polo regional em saúde, educação e serviços.
O Noroeste Fluminense, que por décadas foi vista como o “patinho feio” do estado, tornou-se uma região com agropecuária pujante. A terra do leite, do café, do tomate e das pedras ornamentais atrai não apenas pelas oportunidades de negócio, mas também pela tranquilidade que há muito falta nos grandes centros. O recado é claro: não basta estar próximo a grandes centros ou a corredores logísticos; tão importante quanto essas facilidades é viver numa cidade onde é possível passear nas ruas sem medo de assaltos; ou – algo impensável na capital – almoçar em casa com a família no intervalo do trabalho, já que o trânsito não é um problema.
Esse movimento confirma que o interior do estado deixou de ser coadjuvante para assumir papel central na dinâmica econômica fluminense. As empresas já perceberam a força do Norte e Noroeste Fluminense, atraídas pela combinação de potencial produtivo, qualidade de vida e novas centralidades urbanas. Agora, cabe ao Governo do Estado acompanhar esse processo, direcionando políticas públicas e investimentos estratégicos para consolidar essa transformação. Somente assim será possível transformar a vocação regional em desenvolvimento duradouro, capaz de equilibrar o mapa econômico do Rio de Janeiro e abrir novas perspectivas para sua população.
Fonte: O Dia