Fernando Henrique Dardis foi preso nesta semana após ser identificado como responsável por uma série de fraudes e crimes que envolvem o exercício ilegal da medicina em São Paulo. Entre 2011 e 2012, ele atuou como falso médico na Santa Casa de Sorocaba, utilizando o nome, o número do Conselho Regional de Medicina (CRM) e o currículo de um profissional legítimo, de quem obteve documentos enquanto estagiava em um hospital de Guarulhos.
Segundo as investigações, Dardis assinou mais de 200 declarações de óbito, prescreveu medicamentos e indicou tratamentos, mesmo sem ter concluído o curso de medicina, que abandonou no sétimo semestre. Para sustentar o esquema, ele chegou a confeccionar um carimbo com os dados do outro médico e a colocar sua foto em documentos falsificados.
O caso foi descoberto após denúncias de familiares de pacientes, que contestaram a atuação dele na unidade hospitalar. Além de responder por falsidade ideológica, o acusado também se tornou réu por homicídio com dolo eventual, sob a acusação de ter assumido o risco de matar duas pacientes — Helena Rodrigues e Therezinha Monticelli Calvim — ao receitar medicações e não adotar condutas adequadas ao quadro clínico das vítimas. O julgamento de um dos casos está marcado para outubro.
Na tentativa de evitar a responsabilização criminal, Fernando Dardis forjou a própria morte em maio deste ano. De acordo com o Ministério Público, ele apresentou um atestado de óbito falso emitido por um hospital pertencente à sua família, alegando que teria falecido em decorrência de sepse. Além disso, inseriu dados fraudulentos no sistema do Serviço Funerário Municipal de Guarulhos, informando que havia sido enterrado no lugar de um idoso de 99 anos realmente sepultado no local.
Em nota divulgada por sua defesa, Dardis admitiu ter atuado como médico sem formação e reconheceu ter simulado o próprio falecimento “em um momento de desespero”. Já a Med-Tour, empresa da família dele, declarou que não possui relação com as irregularidades e que instaurou procedimentos internos para apuração.
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) informou que também vai investigar a conduta. Paralelamente, a Corregedoria da Polícia Civil apura se houve participação de agentes públicos no fornecimento de distintivos e munições apreendidos com Dardis em outro processo, anterior a este, em que ele também se passava por policial civil.
Atualmente, Fernando permanece preso preventivamente e responde por homicídio com dolo eventual, falsidade ideológica e outros crimes conexos.
Fonte: G1